Tudo novo, de novo!
Todo mundo tem/teve uma avó ou uma tia mais velha que tinha um livro de receitas onde guardava pequenas preciosidades. Minhas avós eram assim. Digo no passado não por elas terem morrido, mas porque não tenho mais tanto contato com as duas assim. Quando eu era pequena, pequenininha mesmo, ainda um projeto de gente, ajudava minha avó materna a recortar as receitas das embalagens para depois colar no caderno já gasto, e ficava admirando ela a transcrever as receitas de outras (como as que vinham impressas em latas) com os traços lentos de quem não tem mais pressa de viver. Acho que foi ali, nas tardes de chuvas com bolinho ~de chuva, óbvio~ e chocolate quente, nas noites de bolo de fubá com goiabada e chá, nos domingos quando o almoço era macarronada e frango assado e nos cafés da manhã repletos de pães e tortas doces, que a paixão pela cozinha começou. Era uma criança que brincava na cozinha, de cozinhar como gente grande.
E viajar para ver a avó paterna então, era uma delícia! Pudins, sopas, feijoada, cuscuz, lanches diferentes, doces de coco, compotas com queijo...
E a criança cresceu (nem tanto quanto deveria, mas já não se pode dizer que é uma criança fisicamente) e a paixão pelo mundo das comidas virou um amor sincero. Passou pela fase da adolescência com experimentações das mais malucas e uma certa raiva por algumas frustrações e agora amadureceu, firmou-se. Tem seus gostos fixados na culinária brasileira, em particular a Mineira, a Paulista, a Sulista e a Cearense (Difícil negar as raízes tão fortes), porém o gosto vai além das fronteiras e aprecia uma boa pasta italiana, um requinte inglês, um detalhe francês, a sabedoria japonesa e o tempero indiano. Sem negar a deliciosa experiência vegetariana!
Como sempre há de ser quando se fala de Caps, na culinária é uma mistura de sabores, texturas, gostos e sensações. Nem um simples café passa sem sofrer suas modificações.
- E porquê um blog?
Pensei, por muito tempo em escrever um livro só meu, mais um desses cadernos amarelados de vó, porém dividi a ideia com algumas pessoas e o projeto do blog começou a brotar, da mesma maneira que brota grãos de feijão no algodão. De início, com o algodão seco, não vingou e logo me arrependi de tudo e me ocupei apenas com os estudos. Tempos depois, repleta de insistentes incentivos (do And, mais uma vez) e de certo entusiasmo pessoal, o feijão cresceu e cá estou eu plantando-o e criando raízes. Quem sabe, mais para frente, eu não publique um livro com as minas bobagens (HAHA, claro!).
Deliciem-se.